É comum ouvirmos na porta da igreja uma conversa antiga, tipo: "pastor fulano rebelou...dividiu..." Não sei se todas as denominações usam esses mesmos termos, mas no fim, (não são todas), sai quase isso. Desde a reforma protestante aos dias de hoje, a maioria dos crentes já se deslocaram de uma igreja para outra. Eu jamais defenderia a rebelião, até porque a própria palavra "rebelar" já denota insoburdinação, desobediência. E a primeira rebelião foi do diabo, a marca mais legítima de sua queda.
Mas nas igrejas cada caso é um caso. Não podemos pegar todos os episódios de transição de irmãos, obreiros e pastores, que mudaram de ministério, denominação, convenções, e colocarmos todos num pacote carimbados com a palavra "rebelados" e virarmos as costas para os motivos que os levaram a optar pela mudança. E aqui no Brasil, esse enorme complexo de denominações evangélicas, o cristão encontra inúmeras igrejas para servir a Deus. Paulo, Apolo, Cefas, etc... São todos de Cristo e Cristo de Deus. Um planta, o outro rega, e por aí vai.
Irônico é que algumas igrejas taxam de "rebelde" os que saem de suas congregações, mas os que deixam outras igrejas e se agregam a eles é porque "Deus enviou". Muito conveniente. Em outra ocasião, quando algum pastor se sente não correspondido pelo apoio e confiança de um determinado número de membros, surgem sermões de duplo sentido, maliciosos, amedrontadores, do tipo: "A árvore vai balançar e os frutos podres vão cair...fiquem ligados, irmãos..." Ou seja: quem saiu, é porque era fruto podre, e quem ficou era fruto bom. Outro sermão muito conveniente. Essa já é tão antiga, que o que caiu de "podre" foram essas pregações.
Vale lembrar um detalhe: o diabo não saiu do céu. Ele foi EXPULSO de lá. E o motivo, todos que lêem a Bíblia sabem. A rebeldia está em sentimento de ciúmes, invejas, contendas criadas direta ou indiretamente, por quem parece até mesmo ser muito manso e humilde. Logo jamais poderíamos associar a saída de algum irmão para outra igreja como uma "síndrome de lúcifer".
No livro de Atos, Paulo e Barnabé tiveram um certo desentendimento. Foi um pra cada lado. Mas nem por isso um dos dois veio a se tornar "rebelde" por não se aliar as determinações e opiniões, seja de Paulo ou de Barnabé. Todos dois continuaram sendo Homens de Deus.
Muito ao contrário dos valores de alguns líderes contemporâneos, a Bíblia Sagrada nos ensina uma independência e liberdade em Cristo, para fazermos a obra de Deus sem estarmos debaixo do jugo do homem. Isso nos é claramente mostrado quando Jesus não se agregou a mercenários, denunciando os vendilhões do templo, cujo os únicos motivos de estarem ali era pelo dinheiro. Quando desmascarou os escribas fariseus hipócritas, que pensavam servir a Deus com suas vestes talares, e Jesus os chamou de sepulcros caiados.
Em nossa vida cristã devemos servir a Deus em espírito e em verdade, em liberdade. E não conforme os pensamentos de alguns homens arrogantes, autoritários, facciosos, mais amigos dos deleites deste mundo do que amigos de Deus, amantes de si mesmos, cujo o fim destes nós bem sabemos qual é.
“Fostes comprados por bom preço. Não vos façais escravos dos homens”. (1 Coríntios 7:23)
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